Querida Alice,

Há tempos penso em lhe escrever, mas não conseguia achar motivos suficientes para isso. Os dias aqui estão passando todos iguais. As mesmas manhãs vazias na casa fria. As mesmas conversas com amizades nascidas ao acaso e que, num futuro breve, morrerão da mesma forma como começaram.

Confesso que a única coisa que tem me animado ultimamente é o pulsar de uma suposta nova paixão, que começo a sentir dentro de mim. Preciso ter calma e lutar para que isso não aumente cada vez mais. Sabemos bem como nossa vida se torna selvagem e insuportável quando o coração é destruído por felicidade e amor em excesso. Talvez eu não esteja preparado para colocar novamente outra pessoa como prioridade em minha vida.

Sinto-me um tolo por me apaixonar tão facilmente pelas pessoas. Acredito que nem seja paixão de verdade, apenas mais uma confusão causada pela carência angustiante e pelo desejo de encontrar alguém com quem possa conversar sobre assuntos que realmente me interessam.
Quero amor verdadeiro, Alice. Não quero mais perder meu tempo dançando no escuro, acreditando em promessas e palavras vazias jogadas ao vento.

Sei que entendes o que digo e também o que me dirias a respeito. Vou censurar meus sentimentos recém nascidos por enquanto. Escrevo novamente assim que algo novo surgir.


~ evie.

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